quarta-feira, 11 de junho de 2008

Anchieta Um Grande Amigo e Boêmio

Francisco de Souza Filho (BILA)

Sabe! tive dois grandes amigos, Valter e Amaro este de saudosa memória, éramos como irmãos vivemos muitas noite juntos. Mas Anchieta era o companheiro ideal da boemia, ex seminarista destituído de seus dotes sagrados, por beber o vinho da missa e está difundindo entre os seminaristas a arte do baralho, mas especificamente o relancin o conhecido nove cartas, no qual era doutor, aprendizado adquirido lá pras bandas de Sumé, terra onde havia de tudo desde jogo a prostituição, uma verdadeira Sodoma encravada no Cariri paraibano, bem ao gosto de Zé Limeira. Era excelente devorador de livros e poeta nas horas vagas, costumava dizer “PENTÁ UM DEU AH TU BUBUBA ZUNABA” que ele traduzia como: “Aqui é onde a porca torce o rabo” segundo ele tupi guarani legitimo. Sabia como poucos usar todas as horas que a noite nos proporcionava. Anchieta quando me convidava para sair costumava dizer “Bila vamos nos embriagar?” sou feliz de nunca ter dito não as centenas desses convites, a companhia daquele amigo era algo encantador, me fazia bem ao tal ponto de entristecer-me ao ser vencido pelo fim da noite, pelo bolso vazio ou mesmo pela embriagez. Ele sabia conduzir cada hora da noite com a maestria de um autentico boêmio, gostava em determinados momentos de beber pensando em uma bela mulher, e as escolhia a esmo, e na maioria das vezes usávamos a mesma dama, e, diga-se de passagem, é maravilhoso ingerir o produto pensando na dita cuja. Apesar de ser um excelente jogador de futebol, meio campista de muita classe e educação no tratar com a pelota, nunca usava seu horário de boemia para conversar ou discutir futebol. Sempre havia uma boa causa para tomar uma, lembro de quando passamos no vestibular primeiro período eu engenharia, Anchieta medicina, comemoramos exatamente durante um mês.

Devido a uma doença chamada grana curta, costumávamos freqüentar em algumas noites de sábados a terreiro de umbanda, devido a cachaça e tira gosto de boa qualidade grátis, sabíamos trocar a juremada, um cumprimento entre umbandistas, no qual bate-se ombro com ombro, o que transforma o recém chegado em uma pessoa de casa, depois a noite continuava e terminava na zona, nos bares de segunda categoria, ouvindo o lamento miserável das quengas de mesma classe, já que não tínhamos a devida pecúnia para sentir o cheiro do talco e flores na boite nigth ou em Normelia, esta mãe de Luizinho, um mixto de locatário de quartos da vila que levava seu próprio nome, bodegueiro e motorista de táxi, tudo doado pela mãe, no exercício de sua profissão. O encerramento como todos os notívagos da Maciel Pinheiro acontecia no bar tabajara lá pelas quatro da matina, dali subíamos toda Maciel, cruzavamos a praça da pedra, passando pela boa boca chegava a Rua do Sertão onde nos despedíamos a porta da minha casa, prometendo as dez horas estarmos no bom sucesso, clube que minha mãe costumava chamar de mal sucesso, por ser ali um ponto de malandragem sem precedente, onde o trabalho não era bem vindo aos freqüentadores, uns cinqüenta em seu total, por incrível que pareça não rolava droga de qualidade alguma a não ser o álcool que algum tempo depois vim saber fazer parte das ditas, capitaneado por Sr. Mario sempre queimando um charuto de baixa categoria, mais pra Ilha do Bispo que pra ilha dos cubanos, o bom sucesso dispunha de uma mesa de sinuca grande e uma de bilhar em seu salão maior, uma pequena sala de jogo de cartas e um bar com uma mesa onde as meiotas de água-ardente com umbu ou laranja esquartejada em quatro partes, se sucediam fruto dos rachas ou quando alguém batia uma boa parada no baralho, ou algum Mané tinha resolvido apostar na sinuca com algum profissional da casa. Na verdade eu só era freqüentador do sodalício, em finais de semana e férias já que durante o dia a escola técnica me levava todo tempo.

Assim era Anchieta, um Sumeriano(nascido em Sumé) hoje como eu, boêmio aposentado não fuma e não bebe, freqüentador do AA, ganha medalhas pra não beber, se fosse ao contrario hoje teria uma bela sala de troféus para mostrar pros netos, eu não freqüento as duas letras, prefiro ser um bêbado conhecido do que um alcoólatra anônimo, apesar de não mais ingerir uma boa dose, devido a pressão arterial subir muito sob efeito do álcool, sempre peço pra família dizer que estou dando um tempo na bebida, o maior desgosto para um boêmio é sua mulher boatar que ele deixou de beber. Mas deverei voltar preparado na outra encarnação já que eu soube ter lá um tratamento que o cara volta novo em folha, espero que nessa época Anchieta também venha, pra gente começar cedo, lá pras brenhas de Sumé, já pensou cada um com o dinheiro do vale leite, vale gás, bolsa escola e bolsa família. Vou rimar “QUE MARAVILHA”.

2 comentários:

  1. Há muito eu não me ouvia rindo alto, às gargalhadas. Brigada, viu?!
    Me fez lembrar das noites em que perambulava pela cidade na companhia de amigos, depois de beber, de falar besteiras e rir a toa. Na época até ficavamos um pouco entediados. Acho que a gente tinha uma desaprovação íntima, sentíamos culpa por tanta vadiagem e as bebedeiras. Agora, aos 48 anos, dona de casa dedicada e mãe, sei o que significaram aqueles dias.
    Um pouco de boemia e vadiagem, nossa que maravilha.
    Um tempo que não volta mais.

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  2. Olha, muito obrigado, você realmente foi uma boemia (não a cerveja kkk)espero que leia outras cronicas como por exemplo "O menino no consultorio" ok?
    Abraço.

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Frevo, Maracatu & Pizza

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