quarta-feira, 28 de setembro de 2011

ASSIM ERA CRUZ DAS ARMAS

Cruz das Armas, sem sombra de duvidas foi o bairro mais próspero de João Pessoa durante os anos 50, 60 até meados de 70, havia na época três classes sociais, na periferia podia-se ver muitas casas de palha onde residiam os menos abastados, fechando o circulo mais para o centro estava uma classe média, composta de funcionários públicos, mestres da construção civil e militares e no centro situava-se a classe dominante do bairro que eram os comerciantes, o importante era que as três classes conviviam em harmonia total. O clube internacional vivia seu apogeu, apesar de muitos associados, o jogo de cartas era sua maior fonte de renda, por falta da televisão, era ali que os comerciantes reuniam-se todas as noites, para um papo e um carteado, o comercio do bairro seguia a todo vapor, chegando a se rivalizar com o do centro, um comerciante, podia se dar ao luxo de perder o equivalente a duzentos Reais em uma noite e no dia seguinte ter este dinheiro em forma de lucro já pelo meio dia.

O carnaval era simplesmente o melhor da capital, os clubes de rua, e tribos indígenas as melhores estavam em Cruz das Armas, e todos possuíam sede própria, Cruz das Armas, possuía dois grandes setores de desfile de blocos carnavalescos, um na Avenida Cruz das Armas (rua da frente) sob o comando do Sr. Cabral Batista, e outro na Rua São Luiz, tendo como organizador o Sargento Andrade, eram três dias de pura alegria, enquanto o Internacional varava as noites ao som de grandes orquestras fazendo com que seus bailes carnavalescos estivessem entre os melhores da cidade. Os comerciantes possuíam uma troça carnavalesca chamada “Os Garapeiros” tinha esse nome, porque nos três dias de carnaval visitavam as casas dos amigos, comendo e bebendo sem pagar, o sucesso dessa troça faria nascer no futuro outras que também fizeram historia no bairro, como a Troça Juventude, Computadores e Carcará.

O futebol era a paixão entre os jovens, os clubes surgiam de conversas e reuniões na casa dos amigos, com destaque para a Portuguesa, por ela passaram grandes craques do futebol paraibano, campeã muitos anos nas categorias infantil, juvenil e amador, e é desses clubes que surge a TURMA DE CRUZ DA ARMAS, que costumava se reunir a noite na porta da farmácia Frei Norberto, num papo que varava as madrugadas.

A turma costumava uma vez por mês, ir passar um final de semana em jacumã, nessa época ônibus era coisa rara para aquela localidade, e a noite nem pensar, era então que todos juntos partiam a pé de Cruz das Armas, carregando os comes e bebes em um saco. Lá estava ele a espera da turma, Sr. Sebastião (Seu Sebá) de saudosa memória, o velho marinheiro possuía ali duas boas cabanas a beira mar onde abrigava todo pessoal, e de onde podia contemplar e ter ao seu comando todo aquele maravilhoso mar, sem saber que no meio daquela rapaziada, que no futuro seriam médicos, engenheiros, técnicos, administradores de empresas, e funcionários públicos, estava também um que um dia seria como ele não só comandante daquele mar, mas também de todo município, e que este seria mais precisamente seu filho. E é essa maravilhosa turma que uma vez por mês deixam seus afazeres, para reunirem-se como faziam na porta da farmácia, que Deus dê a todos muitos anos de vida para continuarem com essa salutar amizade, que em 2011, completa cinqüenta anos.


Francisco Bila.

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