sábado, 7 de novembro de 2009

Fui com medo de avião!!!


Rapaz, o que gosto mesmo é de ser matuto, o matuto é que sabe viver, expressar o que ta errado, todo mundo ta vendo, e ninguém tem coragem de falar!


Outro dia desses fui andar de avião - avião e navio são duas coisas que me facinam, como é que um negócio daqueles pesado que só a porra consegue voar! E navio que é mais pesado ainda e num afunda, deve ser coisa de engenheiro. – logo quando cheguei no aeroporto do Recife corri pra uma janela bem grande que fica toda hora aberta e tem um vidro bem limpinho - o sujeito que limpa deve passar o tempo todo trabalhando mas neste dia acho que ele tava de folga, sei lá! – e fiquei olhando um avião que ia subir, o bicho era grande, dentro de cada motor cabia um cavalo dois no máximo... ai chegou uma desses caras que querem entender de tudo e disse: “cada turbina desses tem 6.000 cavalos.” Ai eu pensei: “pia que bixo mentiroso.... no máximo dois e apertado”.


A moçinha que fez meu – sei o nome não, mas é o lugar que a pessoa dá uma passagem e recebe outra – me mandou ir para o portão esperar o meu vôo. Ai danose, procurei, procurei, procurei e terminei achando um lá fora, azuzim, azuzim, o ruim é que ficava no sol e só parava ônibus e carro! nada de avião. Depois de uma hora mais ou menos escuto aquela voz: “- Neto, o que tu ta fazendo ai parado no sol, já anunciei teu nome até no som do aeroporto!” Era minha mulher Alynne, ela tinha ido parar o carro em um prédio que só mora carro (estranho isso né).


- Ora tô esperando o avião no portão como a moçinha me mandou, mas ainda num passou nenhum, só carro e ônibus, e olhe que eu estou prestando atenção!


- Deixa de ser besta! é o portão de embarque, num é o da porta do aeroporto não.


E assim nus dirigimos para dentro do aeroporto, achei até bom porque tava bem friim lá dentro, pra entrar em uma tal de sala de embarque pra esperar o avião. Pra entrar (na sala de embarque) uma jovem me pediu pra colocar tudo que eu tinha em uma bandeja. Falei pra ela que não poderia pois não tinha como trazer o apartamento nem o carro, alias nem cabia naquela bandejinha, ela gentilmente disse é tudo que o senhor tem nos bolsos.


Que eu concordo que o governo faz umas coisas pela metade faz sim, lá mesmo no aeroporto pra entrar nesta sala de embarque tem uma porta que num tem porta (é só a forra, acho que faltou dinheiro ou a empresa num entregou a porta ainda) eu acho até que os homens que estavam armados olhado as portas estavam esperando pra perder o dono do estabelecimento que recebeu o dinheiro e não mandou as portas! Vai entender.


Nesta tal de sala de embarque foi onde inventaram a caristia. Pedi um café com leite, um pão com queiro e presunto, quando veio a conta: vinte e cinco reais. Falei para o garson: “Meu amigo foi um pão com queijo e presunto mais um café com leite, num foi um kilo de cada um não!” Mas como Alynne tava do meu lado paguei! Da próxima vez vou levar uma garrafa de café e uns pão com mortadela, vou vender a casadinha por dez reais e tirar o dinheiro da passagem.


Apareceu o número do meu vôo, e entramos na fila pra ir para o avião. Lembrei o que o meu cumpadre tinha me dito: “fala alguma coisa pra o comandante que ai ninguém vai saber que tu nunca tinha nadado de avião, tira uma de experiente viajado e tal”. Tinha um cara com camisa branca por dentro de um palito azul cheio de pinta. Descobri que ele era o comandante porque tava com um chapéu desses bem invocado na mão, igual aos que Manezim (comandante do destacamento lá da minha cidade) usa quando vai tirar serviço em dias de festa.


Olhei bem pra cara do comandante apertei a mão dele e disse: - Cuidado com os buracos.


E segui para minha cadeira todo prosa me achando. Parti logo na frente de Alynne pra ficar na janela. Só viajo na janela, se fizer calor nois abre o vidro e é só curtir o ventinho.


Sentei na minha cadeira e logo escutei uma voz: “Atenção senhores passageiros e tal e tal...”, gente eu acho que o comandante era o mesmo de um filme que eu assisti uma vez, a voz era igualzinha.


O comandante apruma o avião na pista liga os motor (aqueles da mentira), acho que o comandante tinha tomado umas, ele deu uma acelera daquelas e tirou o pé do frei de uma vez, chega fui pra traz, e o avião saiu desembestado, mais ligeiro do que o cavalo Ligeiro do meu cumpadre, foi ai que o comandante chamou ele na espora e incaicou o bicho pra cima fez uma curva e aprumou o bicho. (não gostei da hora da curva)


Quando o avião ficou aprumado o piloto falou que ia servir um lanchinho pensei: Cafezinho com bulacha creme craque. Quando vi a mulher traz um sanduíche. Foi ai que pensei vou comer não, sobrou da festa do aniversario de ontem e tão querendo socar na gente! Por que sanduíche só come quando tem aniversário, quermesse, festa de padroeiro. Disse que num queria.


Lá pras tantas do vôo o avião dá umas balançadas, me agarrei com meu terço, e comecei a rezar, olhei pra cara dos outros passageiros e pra de Alynne também... todo mundo fazendo cara de que num tava com medo. Só se fazendo, por dentro tava era tudo borrado.


Lá pras tantas o meu ouvido começou a doer, falei com Alynne, ela como é muito viajada disse: “chupa um chiclete, eu tenho, quer?” Repare como pobre sofre: lembrei logo do dente cariado, tinha que decidir se ficava com a dor de ouvido ou de dente, preferi a do ouvido.


Vige que eu fiquei feliz demais quando o comandante falou que já íamos pousar em Belorizonte, apertei meu sinto (eu já sabia por que Alynne tinha me ensinado, ela já foi de avião até pro estrangeiro) o avião se aproxima da pista, senti que tinha tocado no chão, tudo no maior silêncio, foi ai que começou uma barulheira danada e disse a Alynne: Fudeu! O comandante ta acelerando aconteceu alguma coisa.


Ela com a paciência que lhe é peculiar: “são os flaps, o freio do avião imbecil, deixa de ser matuto.”

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Frevo, Maracatu & Pizza

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