sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Tomaram a Carteira de Estudante

Conheci Wayne quando era apenas uma criança, acho que na 3ª série, estudávamos no Colégio 2001 Júnior onde tínhamos como coordenadora geral Bergalice, esposa de Roberson (desculpem algum erro de grafia) um dos últimos expoentes da educação paraibana ao lado de Maria Bronzeado, mas não foi dela que vi hoje falar, deixarei para outra oportunidade.
Wayne era o caçula de uma família me muitos irmãos, creio que uns oito ou nove, filho de uma famosa costureira de João Pessoa e de um funcionário público. Branco, cabelos pretos, olhos negros e tinha uma estrutura avantajada desde cedo sobresaia-se da estatura mediana do resto da turma, o que o deixava um pouco desengonçado.
Foi ainda o responsável pelo apelido que me acompanho até hoje, Chico (depois dei uma incrementada na grafia trocando o Ch por X e o C seguinte por K e acrescentei o nome da minha terra Paraíba para dar um ar mais regional a coisa), alias, apelido que me orgulho até hoje! Depois descobri que Wayne também era um chico, atendia pela graça de Francisco Wayne ainda tentei que o apelido pegasse nele mas num deu certo.
Estudamos dois anos juntos, terceira e quarta séries, tivemos que dá adeus ao 2001 Júnior, ele não sei para onde foi, creio que para o 2001 Cepruni, que era a continuação do 2001 Júnior, eu fui para o IPEP onde fiz amigos que guardo até hoje, minha passagem por lá foi rápida apenas um ano, depois fui para o OBJETIVO Júnior onde fiz a minha primeira 6ª serie, tai um lugar que odiei (mas também vou deixar essa história para outra oportunidade) não fui muito bem nos estudos e acabei sendo reprovado e meu pai cumprindo a promessa de me colocar em uma instituição pública de ensino.
Estudei um ano por lá, passei para sétima serie e meu querido pai me colocou no CA Colégio e Curso, ali sim era o lugar! E para minha surpresa quem estava sentado exatamente ao meu lado na 7ª III (classe em que fui matriculado, o CA tinha na época nove sétimas séries) o companheiro Wayne, a felicidade foi recíproca, chegar em uma classe que você conhece pelo menos alguém já é saber que você não está sozinho.
Wayne tem uma das passagens mais cômicas do meu tempo de colégio. Tínhamos o hábito de freqüentar a Boite ou Boate Palladium, point da juventude de João Pessoa na década de 80 até inicio dos anos 90, (localizava-se ao lado do elite e em frente ao bahamas) tanto ele como eu não tínhamos muitos recursos, mas sempre estávamos por ali, éramos conhecidos de todos e quase sempre conseguíamos entradas gratuitas, ou as vezes quando éramos em quatro rachávamos uma mesa (dava direito a entrada, mesa para quatro e um litro de uísque, principal razão da aquisição), ter uma mesa na boate significava estar entre os mais abonados, dava um status maior.
Uma certa noite eu fui só dar uma volta para observar o movimento, era um daqueles fins de semana que a mesada já tinha acabado, então como não dava para fazer muita fita, era melhor guardar o dinheiro para ir a praia no domingo, ai então me aparece Waine e conversa um pouco comigo e me pergunta se vou entrar na boate, respondo que não pois não estava com dinheiro. Foi então que ele diz: você é meu convidado para minha mesa. Falei pra ele que depois pagaria e ele já interrompendo: - Isso é conversa! Deixa de besteira negão! Ta me desconhecendo!
É eu já tinha feito muitos gestos com Wayne, mas daí rolar uma mesa, assim de graça... não era todo dia. Entramos como se já não bastasse a mesa, o uísque, ainda pediu alguns tira-gostos (coisa proibida nos tempos de estudante “quer comer coma em casa”). Já se iam umas 4 da matina quando o litro acabou, Wayne sem pestanejar chama o garçom e manda trazer outro (ai realmente comecei a desconhecer Wayne), já fui logo falando que tava indo embora, dei uma desculpa qualquer e sai fora.
Curti uma ressaca no domingo e na segunda fui, como sempre fazia, para o colégio. Logo na primeira aula a funcionária responsável pelo financeiro vai até a nossa classe e diz: Ninguém desta classe vai fazer a carteira de estudante? Pois não recebi nenhuma ficha. Pronto, formou-se aquele verdadeiro qüiproquó. Foi ai que senti a falta de Waine, nesta segunda ele tinha faltado.
Quando cheguei em casa após a aula, tratei logo de dar ciência a Wayne do que tinha acontecido, expliquei a ele tudo, e ele escutou com muita tranqüilidade. Foi então que perguntei: Wayne, você não bebeu o dinheiro da carteira de estudante na boate, né? E ele tranquilamente me respondeu: NÃO!
Então me explicou: hoje não foi ao colégio pois fui assaltado, levaram tudo inclusive minha agenda com o dinheiro e os formulários das carteiras de estudante.
E para minha surpresa ele no dia seguinte apresenta a toda turma uma ocorrência feita na delegacia que atestava que ele prestou uma queixa de roubo, onde constava que todo o dinheiro da carteira de estudante e outros pertences tinham sido roubado.
O resultado?
Todo mundo teve que pagar de novo.
Já a farra? Ficou na memória.

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